O atraso dos corretores frente às seguradoras
Corretores de seguros são frequentemente considerados os “retardatários lógicos” na adoção de IA, enquanto seguradoras avançam mais rapidamente. Uma das principais razões é cultural — muitos corretores ainda seguem a “velha guarda” que confia em processos tradicionais, dificultando a inovação.
Segundo dados de várias regiões, vemos esse contraste:
O exemplo “Spotify” da Zurich: CRM que recomenda produtos
A Zurich criou um CRM com IA que, como o Spotify, sugere o próximo melhor produto para cada cliente, com base no perfil e histórico. Esse sistema centraliza dados dos segurados, integra-se com ferramentas como Outlook e Salesforce e segue a regra dos “três cliques” — tudo que o corretor precisa em até três interações. O resultado? Redução dos tempos de prospecção de novos clientes em mais de 70%, com implementação em quatro mercados até agora. Isso transforma corretores de meros intermediários transacionais em consultores estratégicos personalizados.
Benefícios: números que falam por si
A adoção de IA pelas seguradoras está traduzindo-se em resultados concretos:
Agentic AI: colaboração, não substituição
O conceito de agentic AI — em que agentes de inteligência artificial colaboram com humanos — está ganhando tração. Relatório da Capgemini mostra que:
Guia prático para corretores iniciarem com IA
O setor de seguros está vivenciando uma revolução tecnológica — com seguradoras na dianteira e corretores enfrentando desafios reais para acompanhar. A analogia da Zurich com o Spotify ilustra bem como IA pode transformar a abordagem na oferta de novos produtos aos clientes já existentes e tornar o corretor um verdadeiro consultor.
Mas a mudança só acontece quando empresas pequenas implementam governança confiável e soluções práticas. A adoção de agentic AI, aliada a estratégias claras, pode equilibrar eficiência, personalização e confiança — em qualquer país, em qualquer mercado.
A resistência à Inteligência Artificial lembra outros momentos históricos em que o setor de seguros, e a economia como um todo, hesitaram diante do novo. Houve um tempo em que cálculos atuariais complexos eram vistos como “complicação desnecessária” e a análise estatística avançada parecia algo restrito a acadêmicos. Hoje, são a espinha dorsal da precificação de risco.
O mesmo roteiro se repete agora com a IA. Ainda há quem acredite que ela seja apenas uma moda ou ferramenta periférica. Mas basta olhar para setores já atravessados por essa onda:
O que todos esses setores têm em comum? Primeiro resistiram, depois testaram, e por fim se tornaram dependentes — ao ponto de ser impensável voltar atrás.
No seguro, a transformação completa ainda não chegou porque o setor é, por natureza, avesso a riscos e dependente de regulamentações robustas. Mas o relógio não para. Quando a IA oferecer subscrição automática, detecção de fraude instantânea, análise de sinistros em tempo real e atendimento personalizado 24/7, o jogo estará virado.
E quando esse dia chegar — e ele chegará — ninguém mais discutirá “se” a IA deve estar no seguro. A pergunta será: como foi possível um dia operar sem ela?